O gancho do flagelo conecta-se ao caso de um criador


Junta universal (imagem de Kae em Wikimedia Commons, CC BY 3.0)
Junta universal (imagem de Kae em Wikimedia Commons, CC BY 3.0)


por Fazale Rana
8 de janeiro de 2020

Qual você diria que é o ícone científico mais facilmente reconhecível? É DNA, um telescópio ou talvez um tubo de ensaio?


Amostra de ícones relativos à ciência no site Iconfinder
Figura 1: Amostra de ícones relativos ao tema ciência no site Iconfinder


Especialistas em marketing reconhecem o poder dos ícones. Quando bem usados, os ícones estimulam os consumidores a identificar instantaneamente uma marca ou produto. Eles também podem comunicar uma mensagem poderosa com um único olhar.

Embora muitos céticos questionem se é ciência, o movimento do design inteligente identificou um ícone poderoso que comunica sua mensagem. Hoje, quando a maioria das pessoas vê uma imagem do flagelo bacteriano, elas imediatamente pensam: Design Inteligente.

Este enorme complexo proteico comunica poderosamente uma engenharia sofisticada que só poderia vir de um Agente Inteligente. E, seguindo essas linhas, ele serve como uma poderosa evidência para a obra de um Criador. Um estudo cuidadoso de sua arquitetura molecular e operação fornece evidências detalhadas de que um Agente Inteligente deve ser responsável por sistemas bioquímicos e, portanto, pela origem da vida. E, como se vê, quanto mais aprendemos sobre o flagelo bacteriano, mais evidente se torna que um Criador deve ter desempenhado um papel na origem e no design da vida — pelo menos no nível bioquímico — como ilustra uma nova pesquisa do Japão. [1]

O Flagelo Bacteriano

Este complexo proteico massivo parece um chicote estendendo-se da superfície da célula bacteriana. Algumas bactérias têm apenas um único flagelo, outras possuem vários flagelos. A rotação do flagelo permite que a célula bacteriana navegue em seu ambiente em resposta a vários sinais químicos.


Uma bactéria flagelada e seu interior (Imagem gerada por inteligência artificial Salvador Daqui em NightCafé Studio)
Figura 2: Uma bactéria flagelada e seu interior (Imagem gerada por inteligência artificial - Salvador Daqui em NightCafé Studio)


Um conjunto de 30 a 40 proteínas diferentes compõe o flagelo bacteriano típico. Essas proteínas funcionam em conjunto como um motor rotativo literal. Os componentes do flagelo incluem um rotor, estator, eixo de transmissão, bucha, junta universal e hélice. É essencialmente um motor elétrico de tamanho molecular diretamente análogo aos motores rotativos produzidos por humanos. A rotação é alimentada por íons de hidrogênio carregados positivamente fluindo através das proteínas do motor embutidas na membrana interna.


Flagelo de um bactéria Gram-negativa (Lady of Hats em Wikimedia Commons)
Figura 3: Flagelo de um bactéria Gram-negativa (Lady of Hats em Wikimedia Commons)
Clique para ampliar


O Flagelo Bacteriano E O Argumento do Relojoeiro Revitalizado

Normalmente, quando os proponentes/criacionistas do design inteligente usam o flagelo bacteriano para defender um Criador, eles focam o argumento em sua natureza irredutivelmente complexa. Eu prefiro uma tática diferente. Gosto de enfatizar a semelhança assustadora entre motores rotativos criados por designers humanos e os flagelos bacterianos da natureza.

O flagelo bacteriano é apenas um de um grande número de complexos de proteínas com atributos semelhantes aos de máquinas. (Dedico um capítulo inteiro às máquinas biomoleculares no meu livro The Cell's Design [O design da célula].) Coletivamente, essas máquinas biomoleculares podem ser utilizadas para revitalizar o Argumento de relojoeiro.

Popularizado por William Paley no século XVIII, esse argumento afirma que, assim como um relógio requer um relojoeiro, a vida também requer um Criador. Seguindo a linha de raciocínio de Paley, uma máquina é representativa de sistemas produzidos por agentes inteligentes. Máquinas biomoleculares exibem os mesmos atributos que máquinas criadas por humanos. Portanto, se o trabalho de agentes inteligentes é necessário para explicar a gênese das máquinas, o mesmo não deveria ser verdade para sistemas bioquímicos?

Céticos inspirados pelo filósofo ateu David Hume desafiaram essa analogia simples, mas poderosa. Eles argumentam que a analogia seria convincente apenas se houvesse um alto grau de similaridade entre os objetos que formam a analogia. Os céticos há muito argumentam que os sistemas bioquímicos e as máquinas são muito diferentes para fazer o Argumento do relojoeiro funcionar.

No entanto, a semelhança impressionante entre as partes mecânicas do flagelo bacteriano e as máquinas feitas pelo homem fazem com que essa objeção evapore. Novos trabalhos de investigadores japoneses a respeito de flagelos dão ainda mais suporte à analogia do relojoeiro.

Novas Revelações Sobre A Estrutura E Função da Articulação Universal do Flagelo

A junta universal do flagelo (às vezes, chamada de gancho) transfere o torque gerado pelo motor para a hélice. A equipe de pesquisa queria desenvolver uma compreensão mais profunda da relação entre a estrutura molecular do gancho e como as características estruturais influenciam sua função como uma junta universal.

Composto por quase 100 cópias (monômeros) de uma proteína chamada FlgE, o gancho é uma estrutura curva, semelhante a um tubo, com um interior oco. Os monômeros de FlgE se empilham uns sobre os outros para formar um protofilamento. Onze protofilamentos se organizam para formar o tubo do gancho, com o eixo longo do protofilamento se alinhando para formar o eixo longo do gancho.

Cada monômero FlgE consiste em três domínios, chamados D0, D1 e D2. Os pesquisadores descobriram que quando os monômeros FlgE se empilham para formar um protofilamento, os domínios D0, D1 e D2 de cada um dos monômeros se alinham ao longo do comprimento do protofilamento para formar três regiões distintas no gancho. Essas camadas foram rotuladas como camada de tubo, camada de malha e camada de mola.

Durante a rotação do flagelo, os protofilamentos sofrem compressão e extensão. O movimento dos domínios, que muda seu arranjo espacial em relação um ao outro, media a compressão e a extensão. Esses movimentos de domínio permitem que o gancho funcione como uma junta universal que mantém um formato de tubo rígido contra uma "força" de torção, enquanto transmite simultaneamente torque do motor para o filamento do flagelo conforme ele se curva ao longo de seu eixo.

Independentemente da visão de mundo de cada um, é difícil não se maravilhar com o design sofisticado e elegante do gancho do flagelo!

O Flagelo Bacteriano E O Caso para Um Criador

Se o Argumento do relojoeiro for válido, parece razoável pensar que quanto mais aprendemos sobre complexos de proteínas, como o flagelo bacteriano, mais eles devem se  parecer com máquinas. Este trabalho dos bioquímicos japoneses confirma essa suposição. Quanto mais caracterizamos máquinas biomoleculares, mais razão temos para pensar que a vida deriva da obra de um Criador.

Propriedades dinâmicas do conjunto do gancho se somam ao Argumento do relojoeiro (quando aplicado ao flagelo bacteriano). Esta estrutura é muito mais sofisticada e engenhosa do que o design de uma junta universal típica criada por designers humanos. Esta elegância e engenhosidade do gancho são exatamente os atributos que eu esperaria se um Criador desempenhasse um papel na origem e no design da vida.

Mensagem recebida, alta e clara.

Recursos
{Os artigos já foram traduzidos e publicados aqui no blog, com exceção daquele marcado com " * ".}


O flagelo bacteriano e o caso de um criador


O design inteligente pode fazer parte da construção científica?


Notas de Fim

  1. Takayuki Kato et al., “Structure of the Native Supercoiled Flagellar Hook as a Universal Joint”, Nature Communications 10 (2019): 5295, doi:10.1038/s4146.


________________________



Etiquetas:
argumento a partir do design


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como os humanos diferem dos animais

Tensão de Hubble pode estar em vias de ser resolvida

Fique esperto com as sedas sintéticas de aranha

Quer saber como manter uma dieta balanceada em qualquer lugar? Pergunte ao bolor

Quão firme é o “firmamento”? - Parte 1