A Bíblia ensina a cosmologia do Big Bang?
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A Bíblia e o Big Bang (Imagem gerada por IA - Sobre As Origens em Google Whisk) |
por Hugh Ross
26 de agosto de 2019
Um dos artigos mais populares que escrevi é “Big Bang — A Bíblia ensinou primeiro!”. Escrevi-o com o incentivo e a ajuda do teólogo John Rea e o publicamos na revista Facts for Faith, de Reasons to Believe, em 2000. [1] Nas duas décadas seguintes, uma das objeções mais comuns que recebi dos céticos é que a Bíblia não ensina nada disso. Quem está certo?
Evidências Bíblicas
John Rea e eu não afirmamos neste artigo que a Bíblia ensina todas as características fundamentais do modelo de criação do Big Bang. Explicamos, no entanto, como ela ensina as quatro propriedades mais fundamentais da cosmologia do Big Bang. As quatro propriedades que ela ensina são:
26 de agosto de 2019
Um dos artigos mais populares que escrevi é “Big Bang — A Bíblia ensinou primeiro!”. Escrevi-o com o incentivo e a ajuda do teólogo John Rea e o publicamos na revista Facts for Faith, de Reasons to Believe, em 2000. [1] Nas duas décadas seguintes, uma das objeções mais comuns que recebi dos céticos é que a Bíblia não ensina nada disso. Quem está certo?
Evidências Bíblicas
John Rea e eu não afirmamos neste artigo que a Bíblia ensina todas as características fundamentais do modelo de criação do Big Bang. Explicamos, no entanto, como ela ensina as quatro propriedades mais fundamentais da cosmologia do Big Bang. As quatro propriedades que ela ensina são:
- um começo ex nihilo [do nada] para o universo;
- expansão do universo desde seu início ex nihilo;
- leis constantes da física;
- uma lei de decaimento que permeia todo o universo.
Essas quatro propriedades implicam que o universo deve ficar progressivamente mais frio, de uma maneira altamente específica, à medida que se expande desde seu início ex nihilo. Uma lei de decaimento generalizada, conhecida hoje como a segunda lei da termodinâmica ou lei da entropia ou lei de Murphy, implica que qualquer sistema que se expande, seja a câmara de pistão de um motor de automóvel ou o universo inteiro, deve ficar mais frio na proporção do grau de expansão.
A noção de que a Bíblia descreve as quatro características mais importantes do modelo de criação do Big Bang constitui um poderoso argumento apologético a favor da fé cristã e da inspiração divina e da inerrância da Bíblia. Uma razão para isso é que, por mais de 2.500 anos, a Bíblia permaneceu isolada como o único livro, além dos comentários bíblicos, a fazer tais afirmações sobre o universo. Foi somente em 1925 que algum cientista notou que o universo possuía tais características. O padre católico romano belga e astrofísico Padre Georges Lemaître foi o primeiro cientista a escrever sobre a expansão do universo a partir de um início cósmico. [2]
Além disso, o fato de a Bíblia ter prenunciado essas quatro características fundamentais da cosmologia do Big Bang — milhares de anos antes de qualquer astrônomo sequer ter discernido que o universo possuía tais propriedades — comprova o poder preditivo da Bíblia. A única explicação razoável para uma demonstração tão dramática de poder preditivo é que a Bíblia foi inspirada por Aquele que criou o universo e controlou sua história.
Reação de Não-teístas
Compreensivelmente, pessoas que negam a existência de Deus reagem fortemente à alegação de que a Bíblia ensina as quatro características mais importantes da cosmologia do Big Bang. Em todos os debates públicos que tive com um ateu, o oponente afirmou que a Bíblia não faz tais declarações. Nos últimos meses, uma média de pelo menos uma resposta por dia apareceu na minha página do X (Twitter) negando que a Bíblia ensine qualquer uma das características do modelo de criação do Big Bang.
Esses não teístas insistem que estou usando meu conhecimento de astronomia do século XXI para interpretar na Bíblia o que a Bíblia nunca ensinou. Eles alegam que estou impondo interpretações literais a passagens bíblicas que claramente pretendem ser figurativas. Observo consistentemente, porém, que essas afirmações são feitas por pessoas que não leram meu artigo nem as passagens bíblicas que cito. Meu artigo explica por que essas passagens devem ser entendidas como declarações literais e não meras figuras de linguagem.
Será Apenas Interpretação Retrospectiva?
Os não teístas que me abordaram sobre a Bíblia e o Big Bang afirmam que não precisam ler meu artigo ou as passagens bíblicas que cito para saber que minhas afirmações estão erradas. Nenhum teólogo anterior ao século XX jamais comentou sobre a Bíblia fazendo tais afirmações, dizem eles, o que é evidência suficiente de que é apenas meu viés astrofísico do século XXI que me faz pensar que a Bíblia ensina características do Big Bang no universo.
Aqui, novamente, porém, esses céticos não teístas estão enganados. Muito antes do século XX, teólogos cristãos e judeus escreveram sobre o universo possuir propriedades que hoje reconhecemos como descritivas do modelo de criação do Big Bang.
Entretanto, esses céticos tendem a não contestar que a {1} Bíblia ensina que as leis da física são constantes e que {2} uma dessas leis é uma lei generalizada de decaimento. A afirmação de {1} é declarada em passagens em Gênesis 1–3, Jeremias 33, Romanos 8:19–22 e Apocalipse 21:1–5. A afirmação de {2} é encontrada em Provérbios e especialmente em Eclesiastes e Romanos 8:18–22. Não teístas não familiarizados com essas passagens bíblicas observam que essas duas propriedades — pelo menos no que diz respeito à Terra e sua vida — teriam sido evidentes para populações anteriores ao século XX.
Teólogos Pré-século XX sobre a Criação Ex Nihilo e a Expansão Cósmica
Muitos não teístas contestam que qualquer teólogo anterior ao século XX tenha discernido que a Bíblia ensina um começo ex nihilo para o universo ou que a Bíblia ensina que o universo se expandiu e está se expandindo.
Contudo, muitos teólogos judeus e cristãos anteriores ao século XX escreveram sobre os ensinamentos bíblicos a respeito das características do universo. Para ser breve, destacarei apenas alguns dos comentários de alguns dos mais proeminentes.
Irineu, bispo de Lion (120–202), declarou: “Deus, de acordo com Sua vontade, no exercício de Sua própria vontade e poder, formou todas as coisas (para que aquelas coisas que agora existem tenham existência) a partir do que não existia anteriormente”. [3]
Agostinho de Hipona (354-430) escreveu em suas Confissões: “Tu [Deus] eras, e além de ti nada era. Do nada, então, criaste o céu e a terra.” [4] Mais tarde, em Confissões, ele acrescentou: “Tu os criaste [os céus e a terra, isto é, o universo material] do nada, não de tua própria substância ou de alguma matéria não criada por ti ou já existente. (…) Tu criaste a matéria do absolutamente nada e a forma do mundo a partir dessa matéria sem forma.” [5]
O mais famoso dos teólogos judeus medievais, Moisés Maimônides (1135–1204), também conhecido como Rambam, escreveu extensivamente sobre as declarações do Antigo Testamento relativas ao início do universo. Em seus 13 Princípios de Fé, Maimônides declarou: “Acreditamos que esta Unidade é necessariamente primária. Tudo o que existe além Dele não é primário em relação a Ele. Há muitas referências nas Escrituras. Este é o quarto Princípio, como afirmado pelo versículo (Deuteronômio 33:27a, NVI): 'O Deus eterno é o seu refúgio (...)'” [6] Aqui, Maimônides afirma explicitamente que o universo não pode ser eterno. Ele deve ter um começo.
Em Guia para os Perplexos, Maimônides elucidou o que a Torá (os cinco primeiros livros da Bíblia) declarou sobre Deus, o universo, o espaço e o tempo. Ele escreveu que o universo inteiro “foi trazido à existência por Deus depois de ter sido pura e absolutamente inexistente”. [7] Maimônides declarou que Moisés, na Torá, afirmou “que não há nada eterno de forma alguma existindo simultaneamente com Deus”. [8] Portanto, de acordo com Maimônides, a posição mosaica apresenta uma visão da criação que é tanto ex nihilo quanto de novo (do novo).
Maimônides explica que a criação de novo não significa que Deus exista no tempo e no espaço e escolha um momento específico para iniciar suas criações. [9] Ele afirma que o próprio tempo é uma dessas criações. Não é eterno; somente Deus é eterno. Somente Deus é responsável pela criação do universo. [10] Maimônides também esclarece sua definição de nada e da impotência do nada: “se nada é puro e absoluto, não pode ser a causa material de nada; é, afinal, nada.” [11]
No século XIII, outro teólogo judeu medieval, Moisés Nachmânides, escreveu sobre a expansão do universo: “Existe apenas uma criação física, e essa criação foi uma minúscula partícula (...) À medida que essa partícula se expandia, essa substância — tão fina que não tinha essência — transformou-se na matéria como a conhecemos.” [12]
Evidências para Todos os Leitores
Em meu livro The Fingerprint of God (A impressão digital de Deus), documentei a forte reação de astrônomos e físicos não teístas contra o modelo de criação do Big Bang quando Georges Lemaître e outros astrônomos o promoveram seriamente pela primeira vez à comunidade científica. [13] Esses astrônomos e físicos não teístas reconheceram a concordância entre o Big Bang e a cosmologia bíblica. Como esse reconhecimento ocorreu antes que o modelo de criação do Big Bang se tornasse a corrente principal da astrofísica, esses cientistas não podem ser acusados de viés retrospectivo.
Embora seja verdade que as descobertas sobre o universo nos séculos XX e XXI tenham trazido mais atenção aos textos bíblicos que descrevem a origem e as características do universo, leitores tanto de antes quanto de depois do século XX reconheceram e escreveram sobre as declarações cosmológicas da Bíblia. Georges Lemaître, Edwin Hubble, Albert Einstein e George Gamow não foram os primeiros humanos a falar e escrever sobre o modelo de criação do Big Bang. Esse crédito remonta aos autores bíblicos Jó, Moisés, Davi, Isaías, Jeremias, Zacarias, Paulo e ao autor de Hebreus. Eles discerniram e escreveram sobre as características do nosso universo do Big Bang porque seus escritos foram inspirados por Aquele que criou e projetou o cosmos.
Notas de Fim
- Hugh Ross com John Rea, “Big Bang — The Bible Taught It First!,” Facts for Faith (3º trimestre de 2000): 26–32, https://www.reasons.org/explore/publications/facts-for-faith/read/facts-for-faith/2000/07/01/big-bang-the-bible-taught-it-first! O artigo foi republicado como um artigo RTB101 e aparece como um capítulo em ambos The Creator and the Cosmos (páginas 25–31) e A Matter of Days (páginas 135–44). {Já publicado traduzido aqui no blog com o título Big Bang — A Bíblia ensinou primeiro!}
- Abbé G. Lemaître, “A Homogeneous Universe of Constant Mass and Increasing Radius Accounting for the Radial Velocity of Extra-Galactic Nebulae”, Monthly Notices of the Royal Astronomical Society 91, issue 5 (13 de março de 1931): 483–90, doi:10.1093/mnras/91.5.483. O artigo original aparece em francês em Annales de la Société Scientifique de Bruxelles, Tomo XLVII, Serie A, Primeira Parte (abril de 1927): 49.
- Irenaeus, Against Heresies, Livro II, capítulo 10.2 in Alexander Roberts e James Donaldson, eds., Ante-Nicene Fathers, Volume 1, The Apostolic Fathers, Justin Martyr, Irenaeus (Peabody, Massachusetts: Hendrickson, 1999): 370. {Em português, Contra as Heresias, de Irineu de Lião}
- Saint Augustine, Confessions, R. S. Pine-Coffin, trans. (London, UK: Penguin Books, 1961), Book XII.7, 285. {Em português, Confissões, de Santo Agostinho}
- Augustine, Confessions, 344.
- Moses Maimonides, The Guide for the Perplexed, traduzido por Shlomo Pines (Chicago: University of Chicago Press, 1963), Guia II.13, 281. {Em português, Guia do Perplexos, de Moisés Maimônides}
- Maimonides, Guide for the Perplexed, Guia II.13, 281–82; Kenneth Seeskin, “Metaphysics and Its Transcendence” in Kenneth Seeskin, ed., The Cambridge Companion to Maimonides (New York: Cambridge University Press, 2005), 92.
- Maimonides, The Guide for the Perplexed, 281–82; Seeskin, The Cambridge Companion, 92.
- Maimonides, The Guide for the Perplexed, 281–82; Seeskin, The Cambridge Companion, 92.
- Maimonides, The Guide for the Perplexed, 281–82; Seeskin, The Cambridge Companion, 92.
- Maimonides in Kenneth Seeskin, Searching for a Distant God: The Legacy of Maimonides (New York: Oxford University Press, 2000): 71.
- Moses Nachmanides, The Spiritual Roots of NASA’s Big Bang Premise, Kabbalist Cosmological Wisdom: Modern Cosmology in Ancient Form, 12–13, https://sites.google.com/site/oldshepherd1935/kabbalistcosmologicalwisdom; também disponível em http://www.fixedearth.com/nasas-spiritual-roots.html.
- Hugh Ross, The Fingerprint of God, commemorative ed. (Covina, CA: RTB Press, 2010): 46–48, 53–54, 62–64, https://support.reasons.org/purchase/fingerprint-of-god-commemorative-edition. {Ou aqui}
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Traduzido de Does the Bible Teach Big Bang Cosmology? (RTB)
Etiquetas:
origem do universo - teoria do big bang
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