Como persuadir um cético de que Deus deve ser trino


Homens conversando, debatendo (Foto de RDNE Stock project em Pexels - https://www.pexels.com)
Homens conversando, debatendo (Foto de RDNE Stock project em Pexels)


por Hugh Ross
13 de julho de 2016

Uma das perguntas mais comuns que recebo em meus eventos de palestra é: como podemos provar que Deus é uma Trindade? É também uma das perguntas mais frequentes que recebo nas minhas páginas do Facebook e do X (Twitter). Aqui está uma versão um pouco mais detalhada da minha resposta.

Pergunta: Eu estava conversando com uma pessoa cética que não concordava com a possibilidade de o Deus cristão ser 3 em 1. Apresentei uma analogia de uma pessoa sendo mente, corpo e alma, e embora isso a intrigasse, ela sugeriu que a mente é, na verdade, uma extensão da alma. Você tem alguma ideia ou referência que eu possa acessar para esclarecer minha posição?

Resposta: A maioria dos teólogos cristãos conclui, e eu concordo, que não é possível separar a alma e o espírito de um ser humano. No entanto, a doutrina cristã padrão afirma que o corpo terreno de um ser humano é separável. Quando um ser humano morre tendo dedicado sua vida a Cristo, a alma e o espírito se separam do corpo para estar com o Senhor no céu. Portanto, o corpo, a alma e o espírito de um ser humano não são uma boa analogia para a Trindade. Cada membro do Deus Trino — Pai, Filho e Espírito — sempre existiu e continuará a existir para sempre.

Seu/sua amigo(a) cético(a) está certo ao dizer que a mente faz parte da alma. Nossa alma é a soma de nossa mente, vontade e emoções. Nosso cérebro é a interface física que permite que nossa alma e espírito se comuniquem com o mundo físico. Quando o cérebro funciona mal, ele pode distorcer ou prejudicar a expressão de nossa mente, vontade e emoções. Esse mau funcionamento é mais perceptível em casos de demência.

No meu livro e DVD Beyond the Cosmos (Além do Cosmos), apelo a dimensões extras para oferecer melhores analogias para a Trindade, analogias que não caiam na armadilha modalista. O modalismo é a doutrina herética que declara que Deus às vezes é o Pai, mas não o Filho ou o Espírito Santo, outras vezes o Filho, mas não o Pai ou o Espírito Santo, e ainda outras vezes o Espírito Santo, mas não o Pai ou o Filho. A doutrina da Trindade afirma que o Pai, o Filho e o Espírito Santo sempre existem e são sempre plenamente funcionais como Deus, e, entretanto, há apenas um Deus.

As analogias que ofereço, porém, ainda são apenas analogias. Elas ilustram algumas, mas não todas, as características e atributos da Trindade. Como Deus transcende as dimensões espaço-temporais do nosso universo e é totalmente funcional, independentemente das dimensões espaço-temporais cósmicas, e como nossos poderes humanos de concepção e imaginação são limitados pelas dimensões espaço-temporais, é impossível para nós obter mais do que uma descrição e compreensão parcial do Deus Trino.

Quanto a como podemos argumentar e estabelecer melhor a existência do Deus Trino, descobri por experiência que uma das melhores maneiras é mostrar às pessoas como a ciência só faz sentido se Deus for Trino. Um exemplo seria apontar que o amor não é possível a menos que haja pelo menos duas pessoas para expressar e receber amor. O problema com religiões estritamente monoteístas como o islamismo e o judaísmo é que uma entidade sem amor supostamente criou seres que dão e recebem amor. Como pode o menor criar o maior? Em outras palavras, no monoteísmo estrito, Deus deve criar para ter qualquer possibilidade de dar ou receber amor. Se Deus é uma única pessoa, ele não se realiza até que crie. Para o Deus Trino, a criação é uma opção. Não é uma necessidade.

O problema com as crenças politeístas é que os múltiplos deuses possuem diferentes planos e objetivos de criação. Assim, em religiões politeístas como o hinduísmo, espera-se que o reino natural seja desarmônico e repleto de inconsistências e anomalias insolúveis. Contudo, séculos de pesquisa científica revelam o oposto. Quanto mais estudamos o registro da natureza, maior o nível de harmonia e consistência que observamos, e maior se torna a lista de anomalias solucionadas.

A ciência, portanto, estabelece por que Deus, em certo sentido, deve ser uniplural, como a palavra hebraica para Deus (Elohim) usada em Gênesis 1 implica. A unipluralidade de Deus também explica por que pronomes, tanto no singular quanto no plural, são usados para Deus em Gênesis 1:26-27.

Uma questão que permanece é por que três Pessoas e não duas, quatro ou mais. Tanto a criação quanto a redenção de bilhões de humanos revelam uma divisão de trabalho que aponta para três Pessoas. Além disso, João, em sua primeira epístola, explica que a luz espiritual de Deus no mundo tem três componentes: vida, amor e verdade, sendo que o Filho assume a responsabilidade de conceder vida, o Pai assume a responsabilidade de conceder amor e o Espírito Santo assume a responsabilidade de conceder a verdade.

Psicólogos apontam que, quando duas pessoas se isolam do resto da humanidade, frequentemente se tornam codependentes em seu relacionamento. Uma terceira pessoa rompe a codependência. Essa necessidade de três pessoas é ilustrada no casamento. Os noivos se unem para se tornarem um, situação em que ambos se tornam um ezer (aliado militar essencial) um para o outro. No entanto, para que essa aliança realmente construa um relacionamento cada vez mais amoroso e um ministério cada vez mais produtivo, o casal precisa abraçar completamente a Deus como seu ezer.

Concluindo, o universo, sua vida e o plano de Deus revelado tanto na natureza quanto nas Escrituras para a redenção de bilhões de seres humanos revelam a obra de três Pessoas sobrenaturais que são uma em essência, caráter, propósito e plano.



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Etiquetas:
apologética - defesa da fé - argumento para a existência de Deus - dúvida cristã


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