Exibições vocais de baleias são um belo argumento para um criador


Baleia (foto de Thomas Kelley em Unsplash - https://unsplash.com)
Baleia (foto de Thomas Kelley em Unsplash)


por Fazale Rana
26 de setembro de 2017

Eis o mar vasto, imenso,
no qual se movem seres sem conta,
animais pequenos e grandes.
Por ele transitam os navios
e o Leviatã que formaste para nele brincar.

Salmo 104:25–26 (NAA)

Algumas semanas atrás, fiz algo que sempre quis fazer. Ouvi a versão ao vivo e sem cortes de Mountain Jam, dos Allman Brothers, do começo ao fim. Com trinta e quatro minutos de duração, essa música aparece no álbum ao vivo At Fillmore East, dos Allman Brothers. Embora os Allman Brothers estejam entre meus grupos favoritos, nunca tive tempo e motivação para ouvir essa música na íntegra. Gosto de ouvir bandas de jam, mas uma música de trinta e quatro minutos... enfim, um voo cross-country finalmente me deu a oportunidade de dedicar toda a minha atenção a essa obra-prima de banda de jam. Que demonstração incrível de musicalidade!

Exibições Acústicas de Baleias Jubarte

Os roqueiros não são os únicos que podem se empolgar um pouco ao cantar uma música. As baleias jubarte são famosas por seus espetáculos acústicos semelhantes a uma banda de jam. Essas criaturas produzem padrões elaborados de sons que os pesquisadores chamam de canções. As canções das baleias podem durar até 30 minutos, e algumas baleias cantam a mesma canção repetidamente por até 24 horas.

O canto das baleias jubarte apresenta uma organização hierárquica complexa. O elemento mais básico do canto consiste em um único som, chamado unidade. Essas criaturas combinam unidades para formar frases. Por sua vez, combinam frases para formar temas. Por fim, combinam temas para formar um canto, com cada tema conectado por um fraseado de transição.

Os pesquisadores não sabem ao certo por que as baleias jubarte realizam essas complexas exibições acústicas. Apenas os machos cantam. Talvez o canto deles estabeleça a dominância dentro do grupo. A maioria dos pesquisadores acredita que os machos cantam para atrair as fêmeas. (Mesmo no caso das baleias, os músicos conquistam as fêmeas.)

Baleias jubarte na mesma área cantam o mesmo canto. Mas seus cantos evoluem continuamente. Pesquisadores se referem à transformação completa do canto de uma baleia em outro como uma revolução. À medida que os cantos evoluem, cada membro do grupo aprende a nova variante. Quando um grupo de baleias jubarte encontra outro grupo, os dois grupos trocam cantos. Essa troca acelera a revolução do canto. Como resultado desse encontro, os membros de ambos os grupos desenvolvem e aprendem um novo canto.

Como As Baleias Jubarte Aprendem Canções?

Pesquisadores do Reino Unido e da Austrália queriam entender como as baleias jubarte aprendem novos cantos. [1] A pergunta deles faz parte de uma questão maior: como os animais transmitem cultura — informações e comportamentos aprendidos — para outros membros do grupo e para a próxima geração?

Para responder a essa pergunta, a equipe de pesquisa gravou 9.300 exibições acústicas ao longo de duas revoluções completas de cantos das baleias jubarte do Pacífico Sul. Entre essas gravações, eles descobriram cantos híbridos — exibições vocais compostas por trechos tanto dos cantos antigos quanto dos novos. Eles concluíram que esses cantos híbridos capturavam a transição de um canto para o outro.

Esses híbridos de canções consistiam em frases e temas das canções antigas e novas, combinados. A estrutura das canções híbridas indicou à equipe de pesquisa que as baleias jubarte precisam aprender canções da mesma forma que os humanos aprendem línguas: aprendendo trechos e juntando-os.

Arrase!

A Arte do Criador

Às vezes, como apologistas cristãos, tendemos a pensar em Deus apenas como um Engenheiro que cria com apenas um propósito ou função específica em mente. Mas os insights que os pesquisadores obtiveram sobre as manifestações vocais das baleias jubarte me lembram que o Deus que adoro também é um Artista Divino — um Deus que cria para seu próprio prazer.

As Escrituras corroboram essa ideia. O Salmo 104:25 afirma que Deus formou o leviatã (que nesta passagem parece se referir às baleias) no quinto dia para brincar nos vastos e espaçosos mares. Em outras palavras, Deus criou os grandes mamíferos marinhos com o único propósito de brincar!

Arte e engenharia não são mutuamente exclusivas. Engenheiros frequentemente projetam carros e edifícios para serem funcionalmente eficientes e esteticamente agradáveis. Mas, às vezes, como humanos, criamos sem outra razão senão para nosso próprio prazer e para que outros apreciem e se emocionem com nosso trabalho.

A Beleza da Natureza e A Existência de Deus

A baleia jubarte exemplifica a beleza extraordinária do mundo natural. Para onde quer que olhemos na natureza — seja o céu noturno, os oceanos, as florestas tropicais, os desertos, até mesmo o mundo microscópico — vemos uma magnificência tão grande, que muitas vezes nos comovemos profundamente.

Observar uma baleia jubarte emergindo ou ouvir uma gravação de suas demonstrações vocais é mais do que suficiente para produzir em nós essa sensação de admiração e espanto. Entretanto, nossa admiração e espanto só aumentam à medida que estudamos essas criaturas com técnicas científicas sofisticadas.

Para os cristãos, a beleza da natureza nos inspira a adorar o Criador. Mas também aponta para a realidade da existência de Deus e corrobora a visão bíblica da humanidade.

Como argumenta o filósofo Richard Swinburne: “Se Deus cria um universo, como um bom trabalhador, ele criará um universo belo. Por outro lado, se o universo veio à existência sem ter sido criado por Deus, não há razão para supor que seria um universo belo”. [2] Em outras palavras, a beleza do mundo ao nosso redor simboliza o Divino.

Mas, como seres humanos, por que percebemos a beleza no mundo? Em resposta a essa pergunta, Swinburne afirma: “Certamente não há nenhuma razão específica para que, se o universo tivesse se originado sem causa, leis psicofísicas (...) produzissem sensibilidades estéticas nos humanos”. [3] Mas, se os seres humanos são feitos à imagem de Deus, como ensinam as Escrituras, deveríamos ser capazes de discernir e apreciar a beleza do universo, criado por nosso Criador para revelar sua glória e majestade.

Em suma, as exibições acústicas das baleias jubarte — uma obra-prima de uma banda de jam — cantam a existência do Criador e sua arte.

Recursos
 
Notas de Fim

  1. Ellen C. Garland et al., “Song Hybridization Events during Revolutionary Song Change Provide Insights into Cultural Transmission in Humpback Whales”, Proceedings of the National Academy of Sciences USA 114 (25 de julho de 2017): 7822–29, doi:10.1073/pnas.1621072114.
  2. Richard Swinburne, A Existência de Deus, 2 ed. (Monergismo, 2019), 190–91. {Os números de páginas citados referem-se à edição em inglês.}
  3. Swinburne, A Existência de Deus, 190–91. {Os números de páginas citados referem-se à edição em inglês.}


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argumento do relojoeiro - maravilha da Criação de Deus - argumento (filosófico) da beleza para a existência de Deus


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