O longo reinado das bactérias
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O "rei bactéria" (Salvador Daqui em NightCafé Studio) |
por Joseph Bergeron
1º de abril de 2002
Por que as estrelas brilham? Por que Deus, às vezes, parece silencioso? Algumas perguntas do tipo “por que” são mais elusivas do que outras.
Quando apresentadas ao modelo de criação bíblica de RTB, as pessoas frequentemente perguntam: "Se Deus projetou a Terra e sua vida para fornecer um lar para os humanos, por que ele perdeu tanto tempo com bactérias?" Essa questão surge da nova e forte evidência de que as bactérias primitivas, tão avançadas quanto as bactérias de hoje, e datando de 3,5 a 3,9 bilhões de anos, permanecem como as únicas formas de vida detectáveis na Terra até 2,3 bilhões de anos atrás. Até cerca de 0,8 bilhão de anos atrás, as bactérias mantiveram o status de forma de vida predominante na Terra. Parece a alguns que Deus foi negligente, desinteressado ou incompetente em preparar a Terra para a humanidade.
Ninguém pode alegar entender todas as razões de Deus para esperar um bilhão e meio de anos para criar qualquer coisa na Terra além de bactérias. A conversão de venenos em minérios metálicos é uma possível resposta. [1] Outra possível resposta à pergunta vem de estudos recentes que demonstram que as cianobactérias (bactérias fotossintéticas) levam muito mais tempo do que se pensava para lançar oxigênio na atmosfera da Terra. [2] Em estudos anteriores, os pesquisadores simplesmente calcularam a eficiência com que as cianobactérias produzem e expelem oxigênio. Eles não levaram em consideração a eficiência com que a crosta e o manto da Terra absorviam o oxigênio.
Novos cálculos de modelagem geofísica revelam que a crosta e especialmente o manto da Terra primitiva eram ricos em minerais redutores. [3] Esses minerais redutores agiam como uma esponja, absorvendo muito do oxigênio em sua vizinhança. No entanto, como uma esponja, a Terra só conseguia absorver uma certa quantidade. O material do manto que rompia a crosta terrestre entrava em contato com qualquer oxigênio que as cianobactérias tivessem lançado na atmosfera, reagia com ele e, consequentemente, perdia parte de sua força redutora. Com o tempo, a quantidade de minerais redutores no manto diminuía lentamente, enquanto a quantidade de minerais oxidantes aumentava lentamente.
Modelos demonstram que entre 3,9 bilhões e 2,7 bilhões de anos atrás, minerais redutores no manto e na crosta absorveram quase todo o oxigênio atmosférico produzido por cianobactérias. Entre 2,7 e 2,2 bilhões de anos atrás, gases liberados pela atividade vulcânica perderam muito de sua capacidade redutora. De 2,2 bilhões de anos atrás até a chegada de grandes animais que respiram oxigênio (0,54 bilhões de anos atrás), o nível de oxigênio na atmosfera aumentou lentamente.
O aumento do oxigênio atmosférico não abriu caminho imediatamente para a vida avançada. O aumento do oxigênio atmosférico primeiro removeu o metano do ar. Embora a atmosfera da Terra primitiva provavelmente contivesse apenas uma pequena quantidade de metano, essa pequena quantidade retinha eficientemente o calor do Sol. O aprisionamento de calor era crítico para a vida primordial, já que o Sol primitivo era aproximadamente 35% mais escuro. [4] Há 2,2 bilhões de anos, o Sol era 20% mais escuro do que é hoje. A remoção do metano da atmosfera da Terra levou a alguns eventos “bola de neve” — eras glaciais durante as quais a neve e o gelo cobriram praticamente toda a superfície do planeta. [5] A última “bola de neve” ocorreu pouco antes da explosão cambriana. Na explosão cambriana, há 543 milhões de anos, formas de vida avançadas e de grande porte começaram a aparecer.
Nem sempre temos o privilégio de saber “por que” Deus faz as coisas. Contudo, pequenos vislumbres de Seus caminhos nos asseguram de Seu grande poder e amor.
Notas de Fim
- Hugh Ross, “Bacteria Help Prepare Earth for Life”, Connections 3, n.º 1 (2001), 4. {Publicado aqui no blog sob o título Bactérias ajudam a preparar a Terra para a vida}
- Jon Copley, “The Story of O”, Nature 410 (2001): 862-64.
- Copley, 864.
- James F. Kasting e David H. Grinspoon, “The Faint Young Sun Problem”, in The Sun in Time, eds. C. P. Sonett, M. S. Giampapa e M. S. Matthews (Tucson: University of Arizona Press, 1991), 447-50; veja FACTS for FAITH 10 (Q3 2002) “The Faint Sun Paradox”, para mais informações sobre esta dinâmica {Publicado aqui no blog sob o título O paradoxo do sol fraco}.
- D. A. Evans, N. J. Beukes e J. L. Kirschvink, “Low-Latitude Glaciation in the Paleoproterozoic”, Nature 386 (1997): 262-66; P. Hoffman, A Kaufman, G. Halverson e D. Schrog, “A Neoproterozoic Snowball Earth”, Science 281 (1998): 1342-46; Peter D. Ward e Donald Brownlee, Rare Earth (New York: Copernicus, 2000), 112-22.
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Traduzido de Bacteria’s Long Reign (RTB)
Etiquetas:
cristianismo - Deus cristão - criacionismo (progressivo) da Terra velha
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