Uma inundação global é cientificamente possível?
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A inundação - Antonio Carracci, 1600-25 Museu do Louvre - imagem original |
por Jeff Zweerink
21 de setembro de 2015
Os cristãos há muito debatem a extensão do dilúvio registrado em Gênesis 6-9. Normalmente, os criacionistas da Terra Velha (CTV) sugerem que foi um dilúvio local, enquanto os criacionistas da Terra Jovem (CTJ) defendem um dilúvio global. Reasons to Believe sustenta a posição de um dilúvio universal (que Deus usou para destruir toda a humanidade) que não foi global em extensão geográfica. Como a humanidade ainda não havia se espalhado por toda a Terra, o Dilúvio não precisava cobrir todo o globo.
Então, qual interpretação está correta? Um aspecto interessante da resposta diz respeito a uma pergunta mais específica: a Terra tem água suficiente para cobrir todo o planeta?
A quantidade total de água na Terra é menos de um quarto do que seria necessário para cobrir todo o planeta. Esta afirmação pode parecer irrealista até que se perceba que a Terra é realmente muito pobre em água. Embora 71% da superfície do planeta seja coberta por oceanos, aproximadamente apenas 0,1% do volume da Terra é água. De acordo com o U.S. Geological Survey (Serviço Geológico dos Estados Unidos), o volume de toda a água na Terra, incluindo água salgada e doce, calotas polares, águas subterrâneas e água atmosférica, chega a 1.385.920.462,8 quilômetros cúbicos (km³). O raio médio da Terra é de 6.371,4 km. O volume de uma esfera é dado pela fórmula (4/3) × π × r³ onde r é o raio da esfera. O volume da Terra é então aproximadamente 1.083.310.461.010,9 km³. O volume de água atmosférica é de pouco mais de 12.504,5 km³, insignificante neste cálculo. Uma esfera contendo toda a água da Terra teria aproximadamente 1.384 km de diâmetro, que é, mais ou menos, a distância entre Salt Lake City, Utah, e Topeka, Kansas (para um gráfico legal, veja aqui). Ou suponha que a superfície da Terra fosse completamente lisa e toda a água da Terra estava em uma concha esférica cobrindo a superfície do planeta. Essa casca teria aproximadamente 2,7 km de espessura. Então, isso é suficiente para cobrir a superfície montanhosa da Terra?
O Monte Everest, a montanha mais alta da Terra, está a 8.848 m acima do nível do mar. A elevação média de todas as massas continentais é de 839,7 m. [1] A partir dessas informações, podemos fazer uma aproximação de primeira ordem de que o volume de água necessário para cobrir o Monte Everest, incluindo toda a água atualmente na Terra, é aproximadamente 5.835.454.580,3 km³. Portanto, o volume de água atualmente na Terra é aproximadamente apenas 24% do volume necessário para cobrir o Monte Everest.
Mas a elevação do Monte Everest e a topografia geral da Terra são as mesmas dos dias do Dilúvio? Acredita-se que o Monte Everest esteja subindo aproximadamente 4 milímetros por ano (embora alguns geólogos acreditem que possa estar encolhendo). Se essa taxa de elevação fosse constante ao longo dos últimos milhares de anos, o Monte Everest estaria aproximadamente 38,1 m mais baixo há 10.000 anos e 152,4 m mais baixo há 40.000 anos, o que quase não faria diferença nos cálculos acima. Acredita-se que a atividade das placas tectônicas mova as placas continentais da Terra da ordem de 1 a 10 centímetros por ano. Novamente, ao longo de um período de 40.000 anos, isso equivaleria entre 321,9 m e 4.023,4 km, o que não é suficiente para alterar significativamente as configurações continentais. Assim, parece razoável concluir que a topografia da Terra e a elevação do Monte Everest têm sido relativamente constantes nos últimos 40.000 anos.
Muitos dos que defendem um modelo de inundação global argumentam que as montanhas da Terra eram muito menores e seus oceanos muito mais rasos em tempos pré-Dilúvio e sugerem que o próprio Dilúvio resultou no soerguimento maciço das montanhas e escavação dos oceanos (veja aqui e aqui para dois exemplos). Há duas razões para duvidar dessa teoria. Primeiro, as forças tectônicas necessárias para causar eventos maciços de construção de montanhas e oceanos em um único ano teriam sido tão violentas e teriam causado tanta turbulência nas águas, que a Arca provavelmente teria sido despedaçada ou virada. Em vez disso, Gênesis 7:17-20 fala das águas aumentando e subindo muito, mas não faz menção de movimentos violentos ou turbulentos nos mares. Da mesma forma, Gênesis 8:1-5 nos diz que as águas baixaram, mais uma vez sem menção de violência ou turbulência. Os 17 terremotos mais violentos do mundo desde 1900 causaram enormes maremotos, um grande número de mortes e danos materiais quase incalculáveis, de acordo com o U.S. Geological Survey. No entanto, o efeito líquido* na topografia do mundo foi insignificante. Em segundo lugar, se uma inundação global ocorreu nos últimos 10.000 anos, teria deixado evidências geológicas substanciais. O U.S. Geological Survey [2] lista as maiores inundações do mundo durante os últimos 15.000 anos ou mais, e as evidências indicam que nenhuma foi global em escopo.
A fim de reconciliar uma visão de inundação global com as evidências científicas atuais, é preciso aceitar uma série de afirmações difíceis de acreditar. Ou (1) a topografia global era semelhante à de hoje, mas a água usada para cobrir o globo não reside mais na Terra (ou está escondida de nossa descoberta); ou (2) a água na Terra hoje era suficiente para cobrir o globo, mas as forças tectônicas alteraram completamente a topografia do globo (de uma forma não detectável para nós). Sem limitar o que Deus pode fazer, parece mais prudente reconhecer que a Bíblia descreve um dilúvio que julgou toda a humanidade, mas não cobriu o globo inteiro.
Recursos
- O site de RTB contém vários artigos sobre o Dilúvio. Recomendamos especificamente "As águas do Dilúvio"*, "O dilúvio de Noé: uma visão panorâmica" e a página de recursos sobre o Dilúvio de RTB**.
- Para obter mais informações sobre o modelo de inundação de RTB, confira estes recursos de Hugh Ross: Navigating Genesis: A Scientist’s Journey through Genesis 1-11 (também na Amazon) e In the Days of Noah: A Deeper Look at the Genesis Flood.
Notas de fim
- H. U. Sverdrup, Martin W. Johnson e Richard H. Fleming, The Oceans, Their Physics, Chemistry and General Biology (New York: Prentice-Hall, 1942), 19, https://ark.cdlib.org/ark:/13030/kt167nb66r/.
- Jim E. O’Connor e John E. Costa, “The World’s Largest Floods, Past and Present: Their Causes and Magnitudes,” U. S. Geological Society, Circular 1254 (2004): https://pubs.usgs.gov/circ/2004/circ1254/pdf/circ1254.pdf.
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Traduzido de Is a Global Flood Scientifically Possible?
* O link original está quebrado (erro 404). Em seu lugar, pus o link para o resultado de uma pesquisa, no site de RTB, pelos termos "the waters of the flood", que é o título do link no artigo em inglês.
** O link original está quebrado (erro 404). Em seu lugar, pus o link para o resultado de uma pesquisa, no site de RTB, pelos termos "RTB’s flood resource page", que é o título do link no artigo em inglês.
Etiquetas:
dados geológicos - informações geológicas - visão do criacionismo (progressivo) da Terra velha sobre o Grande Dilúvio - interpretação bíblica - grande inundação universal, mundial nos tempos do patriarca Noé - teologia - o que a ciência diz / sabe sobre o Dilúvio - base científica para sustentar / sustentação de um dilúvio global - modelo RTB - modelos científicos, geológicos - história geológica da Terra
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