Como os humanos diferem dos animais


Uma garota e seu gato (Imagem gerada por IA - Siempreamare em NightCafé Studio - https://creator.nightcafe.studio)
Uma garota e seu gato (Imagem gerada por IA - Siempreamare em NightCafé Studio)


por Kenneth Samples
1º de janeiro de 2006

Para muitas pessoas, a distinção entre seres humanos e animais tem se tornado cada vez mais tênue.

A exposição à visão de mundo secular e naturalista — especialmente no meio acadêmico — pode nos levar a questionar se as diferenças são simplesmente uma questão de grau. Nessa visão, a humanidade saltou para o topo da escala evolutiva por eventos fortuitos.

Entretanto, filósofos identificaram muitas maneiras pelas quais os seres humanos diferem dramaticamente dos animais. Qualidades e características humanas únicas distinguem o homem dos animais por espécie, não apenas por grau. De uma perspectiva cristã de cosmovisão, e especificamente à luz da imago Dei (veja o quadro logo mais abaixo), seria de se esperar diferenças profundas, incluindo as poucas que se seguem. [1]

Espiritualidade Inerente

Os seres humanos possuem uma natureza espiritual e religiosa inerente. A vasta maioria das pessoas na Terra busca alguma forma de verdade espiritual ou religiosa. A maioria dos seres humanos possui crenças religiosas profundamente arraigadas e se envolve em rituais religiosos complexos. A busca por Deus ou pelo transcendental é uma característica definidora da humanidade e se evidencia em práticas comuns como a oração e a adoração — tanto que alguns designaram os humanos como homo religiosus — “homem religioso”. Em contraste, o ateísmo formal é amplamente inconsistente com a história geral da natureza e da prática humanas. Mesmo os descrentes declarados (ateus, céticos) buscam questões sobre o significado e o propósito últimos da vida e são atraídos por tudo o que consideram de suprema importância e valor. O filósofo Harold H. Titus disse que mesmo agnósticos e ateus “tendem a substituir um deus pessoal por um impessoal — o estado, a raça, algum processo na natureza ou a devoção à busca da verdade ou algum outro ideal”. [2]

O homem, dentre todas as criaturas da Terra, é o único consciente de sua morte iminente. Esse reconhecimento lhe traz angústia pessoal e a contemplação de Deus e da possibilidade da imortalidade. O antigo filósofo grego Sócrates (c. 470–399 a.C.) afirmou: "A vida não examinada não vale a pena ser vivida". Cabe ao homem contemplar, sozinho, o que os filósofos chamam de "as grandes questões da vida". Os animais, por outro lado, podem ser muito inteligentes, mas não demonstram nenhum sinal de espiritualidade ou preocupação com questões fundamentais.

Comunicação Sofisticada

Os seres humanos possuem habilidades intelectuais, culturais e comunicativas únicas. São pensadores, com capacidade única de raciocínio abstrato e de aplicar o princípio lógico fundamental da não contradição (A não pode ser igual a A e igual a não-A). Somente as mentes humanas desenvolvem proposições, formulam argumentos, tiram inferências, reconhecem princípios universais e valorizam a validade lógica, a coerência e a verdade. Somente os seres humanos se perguntam por que o universo físico corresponde a teoremas matemáticos abstratos.

O que é a imago Dei?

Livros inteiros foram escritos sobre o assunto, mas, resumidamente, a teologia cristã histórica afirmou que a humanidade foi feita à imago Dei (latim para imagem de Deus), de acordo com Gênesis 1:26-27. Como coroa da criação de Deus, a humanidade exibe de forma única a imagem de Deus por meio de suas capacidades racionais, volição moral, características relacionais, qualidades espirituais e domínio sobre a natureza. Os humanos refletem o esplendor de seu Criador, ainda que em expressão finita. Como portadores da imagem, os humanos possuem dignidade inerente e valor moral e devem ser tratados com respeito, independentemente de raça, sexo, classe ou crenças. A queda do homem no pecado manchou severamente essa imagem.

Os humanos comunicam sua apreensão conceitual da verdade por meio de símbolos complexos (linguagem). Essa linguagem é complexa e flexível (verbal ou escrita). A linguagem serve para conectar a humanidade e estabelecer a cultura humana e as instituições sociais. Os humanos têm uma profunda necessidade de se comunicar uns com os outros e conseguem isso por meio de um processo intelectual sofisticado. Em contraste, os animais também se comunicam (e possuem muitas outras habilidades incríveis), mas não trabalham com abstrações nem fazem perguntas filosóficas.

Consciência do Tempo e da Verdade

Os seres humanos são conscientes do tempo, da realidade e da verdade. Estudam o passado, reconhecem o presente e antecipam o futuro. Vivem a vida inteira conscientes das limitações do tempo. No entanto, os seres humanos também desejam transcender o tempo: pensam em viver para sempre. Pessoas reflexivas questionam se sua percepção da realidade condiz com a própria realidade. Os seres humanos buscam a verdade de forma única, o que levou à fundação e ao desenvolvimento da filosofia, da ciência, da matemática, da lógica, das artes e das visões de mundo religiosas. O que é real (metafísica), o que é verdadeiro (epistemologia) e o que é racional (lógica) são questões primordiais, mas, novamente, apenas para o homem.

Embora os animais possam ter um aguçado senso intuitivo de tempo concreto, até mesmo superior ao do homem (por exemplo, alguns animais são mais sintonizados com as mudanças das estações), eles não têm capacidade para abstrações sobre o tempo. Da mesma forma, os animais parecem estar cientes da realidade concreta, mas não se questionam sobre questões metafísicas, epistemológicas e lógicas.

Essas diferenças entre seres humanos e animais (mais serão discutidas na próxima edição de Connections) podem parecer óbvias, mas pessoas que não se identificam com uma cosmovisão cristã continuam a desafiar a visão bíblica da criação. Muito está em jogo. A disputa em curso sobre o status do feto humano e o debate sobre a pesquisa com células-tronco embrionárias representam apenas dois exemplos de grandes divisões nas cosmovisões. Um bom raciocínio pode ajudar a esclarecer questões tão significativas.

Notas de Fim

  1. Para mais informações, veja Harold H. Titus, Marilyn S. Smith e Richard T. Nolan, Living Issues in Philosophy, 9 ed. (Belmont, CA: Wadsworth, 1995), 28-29.
  2. Titus, Smith e Nolan, 29.
  3. Este artigo foi adaptado do próximo livro de Kenneth Samples sobre visões de mundo (...). {O livro foi lançado em 2007 com o título A World of Difference (Um mundo de diferença)}.


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Traduzido de How Humans Differ from Animals (RTB)



Etiquetas:
Criação de Deus - dúvida cristã - apologética - defesa da fé


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