Como um peixe fora d'água: por que sou cético em relação ao paradigma evolucionário


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por Fazale Rana
27 de julho de 2016

Não acredito que os processos evolutivos possam explicar plenamente a origem, a história e o design da vida – e isso, muitas vezes, faz-me sentir como um peixe fora da água.

Os cientistas “convencionais” veem a evolução biológica como o princípio organizador da biologia. Na verdade, o geneticista russo Theodosius Dobzhansky escreveu a famosa frase: “Nada na biologia faz sentido exceto à luz da evolução”. [1] Assim, quando questiono as explicações evolutivas, torno-me um estranho. Estou fora do aquário, olhando para dentro. Como sou bioquímico, meus críticos me acusam de ser desonesto ou incompetente. Por que outro motivo eu questionaria o “fato” da evolução diante da evidência esmagadora da descendência comum? Eles afirmam que motivações teológicas, e não científicas, alimentam o meu ceticismo.

Eu concordaria parcialmente com essa avaliação. Acho difícil enquadrar certas características da estrutura evolutiva com algumas das ideias bíblicas e teológicas mais importantes do cristianismo. Mas também penso que existem alguns problemas científicos muito reais associados ao paradigma evolucionista. As deficiências são melhor expostas por previsões falhadas.

Na minha perspectiva, a difusão imprevisível da convergência justifica o ceticismo sobre a capacidade da evolução de explicar plenamente a história e a diversidade da vida na Terra. A convergência é uma previsão falhada.

Convergência

Uma das previsões falhadas da evolução diz respeito ao fenômeno conhecido como convergência. Este conceito descreve casos em que organismos não relacionados possuem características anatômicas e fisiológicas quase idênticas. Presumivelmente, os caminhos evolutivos produziram independentemente estas características idênticas (ou quase idênticas). Todavia, a convergência não faz muito sentido do ponto de vista evolutivo. Na verdade, se a evolução é responsável pela diversidade da vida, seria de esperar que a convergência fosse extremamente rara. Como escrevi em um artigo anterior, o mecanismo que impulsiona o processo evolutivo consiste em uma sequência estendida de eventos imprevisíveis e fortuitos. Dado este mecanismo, parece improvável que caminhos evolutivos díspares alguma vez conduzissem à mesma característica biológica. Dito de outra forma, exemplos de convergência deveriam ser raros.

O conceito de contingência histórica incorpora a noção de que a evolução deve ser irrepetível e é o tema do livro Wonderful Life (Vida Maravilhosa), de Stephen Jay Gould. [2] Para ajudar a esclarecer o conceito de contingência histórica, Gould usou a metáfora de “repetir a fita da vida”. Se alguém apertasse o botão de retrocesso, apagasse a história da vida e depois deixasse a fita rodar novamente, os resultados seriam completamente diferentes a cada vez.

A convergência biológica, no entanto, é generalizada. [3] Recentemente, investigadores da Universidade de Nova Gales do Sul (na Austrália) acrescentaram exemplos de convergência em nível de organismo. De uma perspectiva evolutiva, eles mostraram que o comportamento anfíbio dos peixes evoluiu 33 vezes diferentes entre os grupos existentes! Na verdade, numa família, os peixes adotaram um estilo de vida terrestre entre 3 a 7 vezes.

Este resultado foi inesperado. Um dos investigadores envolvidos no estudo afirmou: “Devido aos desafios que os peixes enfrentam para conseguir respirar, mover-se e reproduzir-se em terra, pensava-se que esta era uma ocorrência rara”. [4]

Recentemente, outra equipe de investigadores da Universidade do Kansas identificou outro exemplo de convergência bioquímica. Eles mostraram que o veneno evoluiu, separada e independentemente, 18 vezes em peixes que vivem em ambientes de água doce e marinhos. Esse resultado é ainda mais surpreendente porque – como aponta William Leo Smith, um dos autores do estudo – “os venenos dos peixes são, muitas vezes, moléculas grandes e supercomplicadas”. [5]

A Ocorrência Generalizada de Convergência Falsifica a Evolução?

Na minha perspectiva, a difusão imprevisível da convergência justifica o ceticismo sobre a capacidade da evolução de explicar plenamente a história e a diversidade da vida na Terra. É uma previsão falhada. Contudo, muitos biólogos evolucionistas não veem as coisas dessa forma. Por exemplo, os cientistas da Universidade de Nova Gales do Sul responderam à sua descoberta inesperada da seguinte forma: “Agora que demonstramos que esta transição inicial para a terra é bastante comum, parece que estes desafios podem ser facilmente ultrapassados”. [6] Sua interpretação, todavia, implica um raciocínio circular. Os biólogos pensavam que a deslocação dos peixes para a terra seria difícil, dados os imensos desafios associados a esta transição. Mas, quando se descobriu que era uma ocorrência frequente, concluíram que devia ser fácil. Mas eles não têm motivos para pensar que deva ser fácil, a não ser pela ocorrência generalizada desta transição. Eu diria que este raciocínio circular reflete um compromisso profundo e a priori com o paradigma evolucionista, no qual a evolução é aceita como um fato, e nenhuma evidência pode alguma vez contar contra ela.

Convergência e a Defesa do Design Inteligente

Embora a ideia de convergência se encaixe estranhamente no quadro evolutivo, faz todo o sentido se um Criador for responsável pela vida. Em vez de características convergentes emergindo através de resultados evolutivos repetidos, elas poderiam ser entendidas como refletindo o trabalho de uma mente Divina. As origens repetidas das características biológicas equivalem às criações repetidas por um Agente inteligente que emprega um conjunto comum de soluções para resolver um conjunto comum de problemas enfrentados por organismos não relacionados.

Recursos

Cells’s Design (O Design da Célula) (livro)




Notas de Fim

  1. Theodosius Dobzhansky, “Nothing in Biology Makes Sense Except in the Light of Evolution”, American Biology Teacher 35 (março de 1971): 125–29.
  2. Stephen Jay Gould, Wonderful Life: The Burgess Shale and the Nature of History (New York: W. W. Norton & Company, 1990).
  3. Simon Conway Morris, Life’s Solution: Inevitable Humans in a Lonely Universe (New York: Cambridge University Press, 2003); George McGhee, Convergent Evolution: Limited Forms Most Beautiful (Cambridge, MA: MIT Press, 2011).
  4. University of New South Wales, “Fish Out of Water Are More Common Than Thought”, ScienceDaily, 22 de junho de 2016, https://www.sciencedaily.com/releases/2016/06/160622102129.htm.
  5. University of Kansas, “Researchers Tally Huge Number of Venomous Fishes, Tout Potential for Medical Therapies”, ScienceDaily, 5 de julho de 2016, https://www.sciencedaily.com/releases/2016/07/160705160206.htm.
  6. “Fish Out of Water”, ScienceDaily.


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Etiquetas:
falseabilidade - evolucionismo - convergência evolutiva


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