Quão firme é o “firmamento”? - Parte 2
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Leia a parte 1
por Hugh Henry e Daniel Dyke
1 de dezembro de 2010
Observações: Os trechos de texto entre “{ }” foram introduzidos por mim. As notações ARCpt e ARCbr usadas por mim referem-se às traduções bíblicas ARC de Portugal e do Brasil, respectivamente.
Relatividade Geral e a Palavra Hebraica Rāqîa'
A primeira parte desta série sugeriu que – com base na análise da palavra hebraica rāqîa' – uma parte importante da teoria da relatividade geral de Albert Einstein já havia sido descrita em Gênesis 1 muitos séculos antes. Sete usos de rāqîa' em Gênesis 1 foram considerados, e concluiu-se que rāqîa' parece combinar muito bem com “o tecido do espaço”, cuja existência foi prevista pela relatividade geral e agora é verificada experimentalmente.
O método científico determina que tentativas devam ser feitas para falsificar o modelo do “tecido do espaço” revisando outros usos de rāqîa' no Antigo Testamento; em particular, quaisquer passagens problemáticas.
Antes de considerar as passagens problemáticas, parece apropriado mencionar que um uso de rāqîa' além de Gênesis 1 parece combinar perfeitamente com a estrutura do modelo espacial. O Salmo 19:1 é um paralelo poético, uma construção que tipicamente expressa ideias sinônimas. Nesse caso, os “céus” (KJV, NASB) são comparados ao rāqîa' {Praticamente todas as Bíblias em português fazem essa mesma comparação}, pois ambos são feitos por Deus e mostram sua “glória” (KJV, NASB {e em todas as traduções para a língua portuguesa}). Este versículo reforça nosso modelo porque a palavra usada para “céus” é shāmayim, a mesma palavra usada em Gênesis 1:8: “Deus chamou a expansão [rāqîa'] céu [shāmayim]” (NASB) {tradução praticamente idêntica na ARCpt, ARCbr e ACF}.
Passagens Problemáticas Contendo Rāqîa'
Agora é necessário considerar possíveis passagens “problemáticas” na tentativa de falsificar esse modelo. Os mais óbvios são encontrados em Ezequiel 1 e 10, passagens nas quais o profeta vê “algo como um” rāqîa' com o “brilho de cristal” (Ezequiel 1:22, NASB) {“algo semelhante ao” rāqîa' como “cristal brilhante”, usando a NAA} e o trono de Deus além. Alguns estudiosos interpretam isso como significando que o rāqîa' é uma cúpula sólida. Deve ser lembrado, entretanto, que Ezequiel foi um profeta pós-exílico, relatando uma visão que ele lutou para explicar para que os judeus exilados na Babilônia pudessem entender. É digno de nota que Ezequiel não diz que o que ele vê é o rāqîa'; literalmente, o hebraico diz “como um rāqîa' que é como um cristal brilhante”. Nessa analogia, a ênfase está na completa distinção de Deus, tornando o rāqîa' um separador entre a pessoa de Deus e os seres criados – imagens que são consistentes com a tradição hebraica.
O Salmo 150 contém passagens complicadas de rāqîa'. Os versos 1-2 (ARA) são outro paralelo poético, uma construção que normalmente expressa ideias sinônimas. Está escrito:
Aleluia! Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento, obra do seu poder. Louvai-o pelos seus poderosos feitos; louvai-o consoante a sua muita grandeza.
Se esses versos de fato expressam ideias sinônimas, então o texto implicaria que o rāqîa' (traduzido como “firmamento”) é o santuário de Deus. No entanto, nós (autores deste texto) pensamos que esta passagem é, na verdade, uma estrutura quiástica, começando e terminando com a mesma ideia. Nesse caso, louvar a Deus é o tema, e o texto passa de louvar a coisa maior (a pessoa de Deus) para louvar a coisa menor (seu santuário e obras) e depois volta para a coisa maior. O versículo 1 louva a pessoa de Deus, descendo para louvar em seu santuário celestial e depois em seu rāqîa'; o versículo 2 elogia as obras de Deus (como seu rāqîa'), então sobe para novamente louvar a pessoa de Deus (sua “grandeza”). Nessa visão, o rāqîa' não é o santuário celestial de Deus, mas algo menor: espaço interno e espaço sideral.
Além disso, uma tradução literal do Salmo 150:1c, [1] referindo-se ao rāqîa' como a “expansão do poder [de Deus]”, enfatiza novamente que o rāqîa' tem substância, embora não seja sólido. Portanto, o que o Salmo 150, de fato, parece fazer é falsificar a ideia do rāqîa' como uma “cúpula” ou uma “abóbada”. Talvez aqueles intérpretes que traduziram rāqîa' como “firmamento” tivessem mais discernimento do que aqueles que tentaram escolher uma palavra moderna mais precisa.
Os estudiosos costumam citar Jó 37:18 como a passagem mais difícil de explicar porque se refere aos céus como chazaq, que significa “forte” ou “duro”. Este versículo, no entanto, usa a forma verbal raqaי (“amassar” ou “espalhar”), não o substantivo rāqîa'. Além disso, ao analisar esta passagem, devemos considerar o contexto: é parte do conselho de Eliú a Jó. O caráter de Eliú é debatido por estudiosos, mas ele afirma falar “em nome de Deus” (Jó 36:2, NASB [2]), e cita o controle de Deus sobre o clima para demonstrar que o poder de Deus é infinitamente maior que o do homem. Eliú enumera alguns dos mistérios de Deus: nuvens e relâmpagos (37:14-16), o vento sul (37:17) e a capacidade de Deus de “estender o firmamento, que é sólido [chazaq] como um espelho fundido” (37:18 TB). No entanto, a palavra traduzida como “céu” aqui é shachaq, que, na verdade, se refere à poeira fina ou a uma nuvem fina; portanto, o versículo literalmente diz “espalhar nuvens finas, fortes (ou duras) como um espelho derretido”. A analogia parece absurda; até os antigos hebreus sabiam que as nuvens não eram duras! No entanto, faz todo o sentido no contexto do antigo vernáculo hebraico, no qual se dizia que as nuvens estavam “duras” quando não chovia. Eliú não está dizendo que o céu é duro; ele está dizendo que o poder de Deus faz as nuvens e os relâmpagos que trazem a chuva e também faz o vento quente do sul que afasta as nuvens e traz a seca.
(Daniel 12:3 faz referência ao “resplendor do firmamento” (ARC). No entanto, como esta passagem é apocalíptica, não a abordaremos, exceto para dizer que parece não apresentar nenhum problema substantivo ao nosso modelo.)
É preciso se maravilhar com a percepção da Bíblia. Retrata um universo com começo absoluto, fato aceito pela ciência há apenas 50 anos. Agora parece plausível que o conceito tradicional, complexo e contraditório do rāqîa' possa ser entendido no contexto da relatividade geral como o tecido do espaço. A Bíblia não é um livro de ciência, mas se for verdadeiramente a palavra de Deus, será consistente com a verdadeira ciência, mesmo que incompleta. Só não será consistente com ciência incorreta.
Dr. Hugh Henry, PhD
Dr. Hugh Henry recebeu seu Ph.D. em Física pela Universidade da Virgínia em 1971, aposentado após 26 anos na Varian Medical Systems, e atualmente atua como professor de física na Northern Kentucky University em Highland Heights, KY.
Daniel J. Dyke, MDiv, MTh
O Sr. Daniel J. Dyke recebeu seu mestrado em Teologia pelo Princeton Theological Seminary em 1981 e atualmente atua como professor de Antigo Testamento na Cincinnati Christian University em Cincinnati, OH.
Notas de fim
- Literalmente, o Salmo 150:1c diz: "Louvai-O na expansão [rāqîa'] do seu poder."
- As traduções para o português não trazem essa construção. Quase todas traduzem a fala de Eliú na linha de argumentação de “ter coisas para dizer a favor de Deus”.
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Traduzido de How Firm is the “Firmament”? Part 2 (of 2)
Etiquetas:
o que diz a Bíblia sobre o firmamento - criacionismo (progressivo) da Terra velha
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