O mal é um destruidor lógico da existência de Deus?
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Foto de Anthony Tran em Unsplash |
OBSERVAÇÃO: O motivo d'eu publicar o artigo do Reasons To Believe aqui (a tradução), e não apenas o link para o original, é que a tradução feita pelo Google Tradutor, através do acesso à página via Google Chrome, não se mostrou eficiente, traduzindo de forma errada e/ou confusa algumas partes do texto. Aproveitei a tradução do GT, revisei-a, corrigi-a e posto-a abaixo.
O mal é um destruidor lógico da existência de Deus?
por Kenneth Samples
26 de outubro de 2021
Os filósofos apresentaram vários argumentos ao longo da história nas tentativas de provar ou refutar a existência de Deus. [1] Um desafio comum à existência de Deus é o problema perpétuo do mal. Mas a existência do mal no mundo logicamente derrota a existência de Deus? Espero que esta breve postagem no blog o ajude a discutir o argumento e a razão do problema.
Um invalidador em lógica é uma crença que, se provada como verdadeira, implicaria logicamente que outra crença é falsa. Vejamos uma tentativa comum de usar a existência do mal como um possível invalidador da existência de Deus.
Cadeia de Raciocínio
Se o Deus tradicional do teísmo existe, então:
1. Deus é onipotente (todo-poderoso).
2. Deus é onibenevolente (totalmente bom).
3. Deus é onisciente (tem conhecimento de tudo).
Mas:
4. Se um ser divino é onipotente, ele pode fazer qualquer coisa.
5. Se um ser divino é onibenevolente, ele sempre elimina o máximo de mal possível.
6. Se um ser divino é onisciente, ele sabe como eliminar o mal.
No entanto, o mal existe visivelmente.
Argumento dedutivo do mal contra Deus explicado
Um argumento consiste em uma afirmação central (a conclusão) e premissas (suporte para a conclusão na forma de evidência, fatos ou razões). A cadeia de raciocínio acima reflete o seguinte argumento.
Premissa #1: O Deus teísta tradicional possui os “omnis” (todo poder, toda bondade, todo conhecimento).
Premissa #2: Um Deus todo-poderoso seria capaz de remover o mal.
Premissa #3: Um Deus todo-bom desejaria/quereria remover o mal.
Premissa #4: Um Deus onisciente saberia como remover o mal.
Conclusão: Portanto, Deus e o mal não podem coexistir e, uma vez que o mal, de fato, existe, então Deus não pode existir.
Esse raciocínio conclui que o mal é um invalidador para a crença em um Deus onipotente, onibenevolente e onisciente. É conhecido como o argumento dedutivo do mal porque, se o raciocínio é válido (a conclusão segue inferencialmente das premissas) e todas as premissas são verdadeiras, então a conclusão é certamente verdadeira.
Analisando o argumento
A conclusão segue inferencialmente das premissas; portanto, o raciocínio do argumento parece ser logicamente correto. Mas a verdade das premissas 2 e 3, respectivamente, é claramente discutível. Com relação à premissa #2, Deus pode não ser capaz de remover o mal sem remover a livre agência concedida aos anjos e aos seres humanos. Com relação à premissa #3, Deus pode não querer remover o mal, pelo menos não imediatamente, pois pode servir a um propósito maior. Ou seja, o mal pode ser o resultado da concessão de livre agência às criaturas e/ou o mal pode permitir que as criaturas cresçam em caráter moral.
Assim, segue-se que o argumento dedutivo do mal contra Deus falha logicamente. Não é certamente verdade que a existência do mal refuta a existência de Deus.
Teodiceia como explicação para o mal
Uma teodiceia é uma tentativa de justificar ou vindicar Deus em face do mal. Aqui está o argumento básico que veio de vários teístas (judeus, cristãos, muçulmanos) sobre como o mal pode ser compatível com Deus:
Premissa #1: Deus é onipotente, onibenevolente e onisciente.
Premissa #2: Deus criou um mundo que agora contém o mal e ele tinha uma boa razão para fazer isso (com o propósito de um bem maior).
Conclusão: Portanto, o mundo contém o mal, mas o mal é consistente com o poder, a bondade e o conhecimento ilimitados de Deus.
Os filósofos cristãos propuseram diferentes teodiceias, conforme ilustrado pelas citações a seguir, que mostram o fracasso do argumento dedutivo do mal contra Deus.
Bem Maior: Santo Agostinho e Richard Swinburne
“Pois o Deus Todo-Poderoso, que, como até os pagãos reconhecem, tem poder supremo sobre todas as coisas, sendo Ele mesmo supremamente bom, jamais permitiria a existência de nada de mau entre Suas obras se Ele não fosse tão onipotente e bom que pudesse trazer o bem até mesmo do mal.” [2]
“A solução básica é que todos os males que encontramos ao nosso redor são condições logicamente necessárias de bens maiores, ou seja, um bem maior não poderia acontecer sem o mal ou, pelo menos, a possibilidade natural do mal.” [3]
Defesa do Livre Arbítrio: Alvin Plantinga
“Para criar criaturas capazes de bem moral, portanto, Ele [Deus] deve criar criaturas capazes de mal moral.” [4]
Até mesmo alguns filósofos céticos ou ateus reconhecem a conclusão de que o argumento dedutivo do mal contra Deus falha.
O ateu William Rowe observa: “Alguns filósofos afirmam que a existência do mal é logicamente inconsistente com a existência do Deus teísta. Ninguém, eu acho, conseguiu estabelecer uma afirmação tão extravagante. . .” [5]
E o cético Paul Draper concorda: “Não vejo como é possível construir um argumento lógico convincente a partir do mal contra o teísmo.” [6]
Peque e leve
Embora o mal seja uma realidade perplexa e perturbadora, a existência real do mal não serve como uma refutação lógica do Deus do teísmo tradicional. Pois Deus pode ter uma boa razão para permitir que o mal exista. E as Escrituras revelam que Deus eliminará todo mal, dor e sofrimento para seu povo, no futuro escatológico (Apocalipse 21:4).
Reflexões: Sua vez
Você já se debateu com a questão da relação de Deus com o mal? Visite Reflections no WordPress para comentar.
Recursos
- Para um estudo mais aprofundado do problema do mal, veja Kenneth Richard Samples, 7 Truths That Changed the World (7 Verdades que Mudaram o Mundo), capítulos 13 e 14.
- Para uma discussão das alegações de que o mal foi feito em nome de Cristo, veja Kenneth Richard Samples, Christianity Cross-Examined (Cristianismo Interrogado), capítulo 7.
Notas finais
- Para uma discussão dos argumentos tradicionais para a existência de Deus, veja meu artigo Como Responder ao Desafio que Deus está Oculto.
- Santo Agostinho, The Enchiridion, cap. 11, Logos Virtual Library, trad. JF Shaw.
- Richard Swinburne, citado em “The Problem of Evil” (O Problema do mal) em Great Thinkers on Great Questions (Grandes Pensadores sobre Grandes Questões), ed. Roy Abraham Varghese (Oxford, Reino Unido: Publicações Oneworld, 2009), 191.
- Alvin C. Plantinga, God, Freedom, and Evil (Deus, a Liberdade e o Mal) (Grand Rapids: Eerdmans, 1974), 30.
- Richard Rowe, William L. Rowe, “IX. The Problem of Evil and Some Varieties of Atheism” (IX. O Problema do Mal e Algumas Variedade de Ateísmo) American Philosophical Quarterly 16 (outubro de 1979): 335, n. 1
- Paul Draper, "The Argument from Evil" (O Argumento do Mal), em Philosophy of Religion: Classic and Contemporary Issues, ed. Paul Copan e Chad Meister (Malden, MA: Blackwell, 2008), 146.
Etiquetas:
Paradoxo/falácia de Epicuro - argumento contra a existência de Deus - apologética - defesa da fé cristã
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