Terra primitiva nebulosa: Mais confirmação do dia 4 da Criação


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Imagem gerada por IA (acervo de Lexica)


Obs.: Onde não mencionado de outra forma, a tradução bíblica usada/referenciada é a NVI.

por Hugh Ross
18 de junho de 2018

Quando cheguei a Pasadena para pesquisa de pós-doutorado no Caltech, a névoa de poluição atmosférica de Los Angeles era tão espessa que levei várias semanas para perceber que uma cadeia de montanhas de aproximadamente 1830 m de altura ficava a apenas 4.828 km ao norte. Agora, graças à redução da poluição do ar, vejo essas montanhas claramente todos os dias.

Um novo estudo de pesquisa publicado no Astrophysical Journal afirma que uma névoa foi pelo menos parcialmente responsável pelos céus translúcidos e penetrantes que envolveram a Terra durante a primeira parte de sua história. [1] Gênesis 1 e outras passagens bíblicas também descrevem a atmosfera primitiva como nebulosa e nublada. O mesmo estudo demonstra, por meio de uma série de experimentos, como a névoa atmosférica da Terra diminuiu muito.

O Que Gênesis 1 Diz Sobre A Atmosfera da Terra

Aprendi os passos do método científico em todas as séries da minha educação escolar pública no Canadá. Quando comecei a investigar seriamente os principais livros sagrados do mundo aos 17 anos, apliquei o método científico — que me foi ensinado durante meus anos escolares — para testar a confiabilidade dos textos.

Quando finalmente peguei a Bíblia, fiquei surpreso ao descobrir que logo na primeira página ela seguia meticulosamente o método científico. Muitos anos depois, descobri o porquê. Como explico no Apêndice A do meu livro Navigating Genesis (Navegando o Gênesis), [2] o método científico tem sua origem nas páginas da Bíblia e na teologia da Reforma.

O passo 1 do método científico é estabelecer o quadro de referência. Gênesis 1:2 (ARC) declara explicitamente que o quadro de referência do relato da criação é o ponto de vista de um observador na superfície aquosa da Terra (veja a Figura 1): “o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” da “face do abismo”.


Quadro de referência para os dias da Criação de Gênesis (Imagem de Hugh Ross em Reasons to Believe - https://reasons.org)
Figura 1: Quadro de referência para os dias da Criação de Gênesis (Imagem de Hugh Ross em Reasons to Believe)


Deste ponto de vista, “havia trevas sobre as águas profundas” (Gênesis 1:2) porque Deus “o vestiu [o mar] de nuvens e em densas trevas o [o mar] envolvi” (Jó 38:9). Então, embora Deus já tivesse criado os “céus” (Gênesis 1:1), incluindo nosso Sol e Lua, a luz ainda não alcançava a superfície da Terra. No primeiro dia da criação, quando Deus disse: “Haja luz” (Gênesis 1:3), ele transformou a atmosfera da Terra de opaca para translúcida. A atmosfera permaneceu nublada (muito parecida com um dia chuvoso), mas a luz finalmente conseguiu alcançar a superfície do planeta.

Mais tarde, no dia 4 da criação, quando Deus disse: “Haja luminares no firmamento do céu (...) Sejam eles sinais para marcar tempos determinados, dias e anos” (Gênesis 1:14), ele transformou a atmosfera da Terra de translúcida para, pelo menos ocasionalmente, ser transparente. Isso permitiria que os animais que Deus criou nos dias 5 e 6 da criação vissem as posições do Sol, da Lua e das estrelas na expansão do céu e usassem essas posições para regular seus relógios biológicos.

O Que A Ciência Diz Agora Sobre A Atmosfera Primitiva da Terra

Como documento no meu livro Improbable Planet (Planeta improvável), a história da atmosfera da Terra é de quantidades gradualmente decrescentes de metano e dióxido de carbono. [3] Como o metano e o dióxido de carbono são gases de efeito estufa poderosos, esse declínio gradual é crucial para compensar o brilho contínuo do Sol.

A quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, e talvez a de metano também, se correlaciona com o grau de cobertura de nuvens. Mais dióxido de carbono e mais metano significam mais nuvens. Assim, quantidades muito maiores desses gases de efeito estufa na atmosfera da Terra primitiva provavelmente tornaram o céu completamente translúcido do ponto de vista de um observador na superfície da Terra.

O novo estudo do Astrophysical Journal foi realizado por uma equipe de cientistas de uma variedade de campos. Eles descobriram outra causa da translucidez atmosférica da Terra primitiva — a falta de oxigênio. A equipe realizou experimentos de laboratório em misturas de gases de nitrogênio molecular, dióxido de carbono, metano e oxigênio molecular projetados para imitar a composição da atmosfera da Terra durante seus primeiros 4 bilhões de anos. Eles notaram que concentrações de oxigênio maiores que 20 partes por milhão "resultaram em uma diminuição na taxa de produção de aerossol com o aumento da concentração de O2". [4] Ou seja, quanto menos oxigênio na atmosfera da Terra, mais densa será a névoa atmosférica.

Como a Figura 2 revela, o conteúdo de oxigênio na atmosfera da Terra não ficou alto o suficiente para evitar uma névoa generalizada até 580 milhões de anos atrás, pouco antes do primeiro aparecimento dos animais. Além disso, como a equipe observou em seu artigo, as névoas atmosféricas servem como núcleos de condensação de nuvens. [5] Portanto, quanto mais densa a névoa atmosférica, mais espessa será a cobertura de nuvens.


Figura 2: Oxigênio na atmosfera da Terra como uma porcentagem da atmosfera total (Imagem de Hugh Ross em Reasons to Believe)


Não é preciso muita neblina para obscurecer o Sol, a Lua e as estrelas dos animais na superfície da Terra o suficiente para que esses astros deixem de ser úteis para regular os relógios biológicos desses seres. Mesmo hoje, com o nível de oxigênio atmosférico em 210.000 partes por milhão, há cidades na Ásia onde, mesmo em uma noite sem nuvens, não é possível ver nenhuma estrela, e a Lua é visível apenas quando está na fase cheia e situada perto do zênite

A combinação de neblina mais densa e maior cobertura de nuvens anterior a 580 milhões de anos atrás significa que, embora a luz penetrasse na superfície da Terra, não seria possível para criaturas que vivem na superfície discernir com precisão e frequência suficientes as posições do Sol, da Lua e das estrelas no céu. Essa circunstância não representa problemas para a vida anterior a 580 milhões de anos atrás, uma vez que essa vida (micróbios, algas, fungos, briófitas) não requer conhecimento das posições do Sol, da Lua e das estrelas.

O novo estudo de pesquisa afirma a cronologia da criação em Gênesis 1: a atmosfera da Terra passou de translúcida para frequentemente transparente no quarto dia da criação, pouco antes de Deus criar os primeiros animais da Terra no quinto dia da criação. O estudo fornece ainda mais evidências de que quanto mais aprendemos sobre a natureza e seu registro, mais acumulamos razões sólidas para acreditar que a Bíblia é a Palavra de Deus autoritativa, inspirada e inerrante.

Notas de Fim

  1. Sarah M. Hörst et al., “Exploring the Atmosphere of Neoproterozoic Earth: The Effect of O2 on Haze Formation and Composition”, Astrophysical Journal 858 (May 2018): id.119, https://doi:10.3847/1538-4357/aabd7d.
  2. Hugh Ross, Navigating Genesis: A Scientist’s Journey through Genesis 1–11 (Covina, CA: RTB Press, 2014), 223–24.
  3. Hugh Ross, Improbable Planet: How Earth Became Humanity’s Home (Grand Rapids: Baker, 2016), 108–97.
  4. Hörst et al., “Exploring the Atmosphere”. p. 5.
  5. Hörst et al., “Exploring the Atmosphere”, p. 1.

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Leia também o e-book gratuito Gênesis Um - Uma Perspectiva Científica



Etiquetas:
origem da Terra - Terra primitiva - história natural - geologia - criacionismo (progressivo) da Terra velha


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