Físico de Dartmouth: Quando a ciência se obscurece em fé

 
[Atualizado em 22/nov/2014]
 
Artigo do Evolution News, com o título original ’Dartmouth Physicist: When Science Shades Over Into Faith’, traduzido por mim.
 
Textos entre colchetes "[ ]" foram introduzidos por mim.
 
 
Físico de Dartmouth: Quando a ciência se obscurece em fé
David Klinghoffer, 3 de novembro de 2014, 11:40 AM
 
 
Marcelo Gleiser na página da 'TV Brasil - EBC' no Flickr [flickr.com/photos/tvbrasil]
 
 
Marcelo Gleiser é um físico teórico do Dartmouth College que pisa em terreno perigoso de tempos em tempos. Ele escreve um comentário regularmente para a NPR, onde, no passado, ele admitiu que mesmo tomando a origem da vida simples na Terra como um dado, o desenvolvimento de vida complexa se apresenta como um extraordinário enigma adicional. Tendo apenas a evolução darwiniana como um recurso, assumir que biologia complexa está lá fora, entre as estrelas, assim como em nosso planeta, é algo duro de engolir.
 
Agora ele reconhece de forma provocativa que a ciência pode se obscurecer em fé quando cientistas se agarram a ideias além do ponto onde a evidência se volta contra eles:
Alguns cientistas mantém uma crença mais [tempo] do que deveriam? Ou, de forma mais provocativa, quando uma crença científica se torna uma matéria de fé?
 
Falar sobre fé no contexto da ciência parece bastante blasfemo. Não é a ciência antítese da fé, dado que é supostamente baseada em certezas, na verificação explícita das hipóteses? A visão de ciência como sendo perfeitamente lógica e racional é uma idealização. É claro, o produto da pesquisa científica deve ser algo concreto: hipóteses devem ser tanto confirmadas como refutadas, e a informação dos experimentos deveriam ser repetíveis por outros. A penicilina cura doenças, aviões voam e o cometa Halley de fato volta a cada 76 anos.
 
As coisas se tornam mais experimentais na vanguarda, onde não há certezas. O que torna a ciência tão fascinante é que ela mira a perfeição mesmo quando envolvida com a invenção de coisas falíveis.
Ele apresenta a supersimetria como ilustração.
Enquanto alguns abandonarão a teoria por falta de suporte experimental, outros irão se agarrar a ela, reajustando os parâmetros para que a supersimetria se torne viável em energias bem além do nosso alcance. A teoria irá então ser intestável para o futuro previsível, talvez indefinidamente. A crença na supersimetria irá então ser um artigo de fé.
 
Como deveríamos lidar com este tipo de situação na ciência? Claramente, cientistas farão o que quiserem (contanto que tenham financiamento para tal); aqueles que se agarram à supersimetria argumentarão que ela irá conduzí-los em direção a outras hipóteses, e aí tudo bem. Talvez venha alguma coisa que seja testável. Outros procurarão por explicações em outra parte.
 
O desafio, é claro, é que não sabemos a resposta certa. A preocupação é que nós podemos nunca vir a saber, caso no qual o plano é cientificamente inútil. Quando você investe décadas de sua vida profissional perseguindo uma ideia, é realmente difícil abandoná-la. Alguns nunca o fazem.
Leia mais uma vez as duas últimas sentenças, as quais destaquei em negrito. É necessário soletrar as implicações disso no debate sobre design [projeto] na natureza? Os velhos camaradas não abandonarão o Darwinismo. O progresso depende de biólogos jovens de cujos nomes você ainda não ouviu falar. É outra forma de dizer, com Max Planck, que “A ciência avança um funeral por vez”.
 
ATUALIZAÇÃO: Um correspondente via e-mail me chama a atenção para o uso do termo teoria “zumbi” por parte de Gleiser, uma ideia que está morta, mas ainda cambaleando em seus próprios pés:
Como um zumbi que nunca morre, é possível avançar com teorias que podem sempre ser redefinidas para escapar do alcance dos experimentos em voga.
É uma afirmação da qual vale a pena tomar nota.
 
 
Foto: Marcelo Gleiser na página da TV Brasil - EBC no Flickr
 
 
Etiquetas:
Evolução - design/projeto inteligente - cosmovisões - rumo da ciência e de teorias científicas
 
 
 
 

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